terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Os Três Reis

Era uma vez um Rei que vivia no oriente. A sua maior paixão era comer e comer. Comia tanto que quase tinha dificuldade em andar, sentar, observar algumas partes do seu corpo, etc. Um dia, já noite alta, ouviu uma voz vindo do exterior. Levantou-se a custo e arrastou as pernas para a varanda do quarto. Não estava lá ninguém. A brisa da noite sabia bem nesta altura quente do ano. Começou a observar as estrelas e reparou numa mais brilhante que as outras. “Sou eu que te chamo, meu Rei. Queria falar contigo sobre a tua saúde. Deves perder peso urgentemente ou a tua vida será curta. Prepara alguns haveres e amanhã à noite passarei buscar-te e deverás seguir-me caminhando. Andar fará bem ao teu frágil coração”. Continuou a discursar, a argumentar, convencendo o Rei sobre a necessidade daquela marcha. No dia seguinte, e quase sem dormir, preparou uma pequena mochila, descansou e chegando a noite foi caminhando atrás da estrela para ocidente.

Era uma vez um Rei que vivia no a sul do equador, naquele continente que chamamos de África. Ele era asceta e por isso comia muito pouco. Se comesse mais do que uma ervilha, ficava doente, não saindo do WC enquanto não se livrasse do excesso. Debilitado, passava os dias deitado, ora na cama, ora numa liteira e tinha constantemente de ser transportado para todo o lado. Um dia, já noite alta, ouviu uma voz vindo do exterior. Levantou-se a custo e arrastou as pernas para a varanda do quarto. Não estava lá ninguém. A brisa da noite sabia bem nesta altura quente do ano. Começou a observar as estrelas e reparou numa mais brilhante que as outras.“ Sou eu que te chamo, meu Rei. Queria falar contigo sobre a tua saúde. Deves aumentar o teu peso urgentemente ou a tua vida será curta. A tua massa corporal é insuficiente e qualquer dia desfaleces para sempre. Prepara alguns haveres e amanhã à noite passarei buscar-te e deverás seguir-me caminhando.” Continuou a discursar, a argumentar, convencendo o Rei sobre a necessidade daquela marcha. No dia seguinte, e quase sem dormir, preparou uma pequena mochila, descansou e chegando a noite foi caminhando a custo, devagar, mito devagar, atrás da estrela em direcção ao norte.

Era uma vez um rei que vivia a norte, nas terras gélidas e cobertas de neve. De porte atlético, musculado, herculeano. A sua paixão era treinar, treinar, levantar e baixar pesos. As suas refeições eram altamente proteicas e cheias de substâncias que facilitavam o desenvolvimento muscular e a perda de massa gordurosa. Tanta força tinha que todos o temiam, nem as mulheres se aproximavam dele por medo de serem quebradas em duas nos seus abraços. Um dia, já noite alta, ouviu uma voz vindo do exterior. Levantou-se e correu com estrondo para a varanda do quarto, vociferando contra quem tinha coragem de o acordar. Não estava lá ninguém. A brisa da noite gelada arrefeceu-lhe os membros, mas ficou deslumbrado com o luar e o céu estrelado, reparando numa mais brilhante que as outras. “Sou eu que te chamo, meu Rei. Queria falar contigo sobre a tua saúde. Deves limitar o teu esforço físico, perder massa muscular e ganhar algumas células gordas que te protegem ou a tua vida será curta. A tua massa corporal está demasiado desequilibrada e qualquer dia desfaleces para sempre. Prepara alguns haveres e amanhã à noite passarei buscar-te e deverás seguir-me caminhando.” Continuou a discursar, a argumentar, convencendo o Rei sobre a necessidade daquela marcha. No dia seguinte, e quase sem dormir, preparou uma pequena mochila e chegando a noite foi caminhando vigorosamente, atrás da estrela em direcção ao sul.

Era uma vez três reis que se encontraram após uma longa caminhada seguindo uma estrela no céu que brilhava de noite e de dia. Tão cansados que estavam, deixaram-se dormir num estábulo em cima da palha quente, rodeados por vacas, burros e outras pessoas que ali procuraram abrigo. Na manhã seguinte, os três estavam de corpo esbelto; definido sem excesso, levando as mulheres que ali se encontrava, a suspirar e a suspirar. Deixaram alguns haveres no estábulo com uma família pobre que ali se encontrava e correram para a praia. Depois de tanto trabalho, queriam era mostrar-se e divertir-se.
Passado alguns meses, regressaram à sua terra de origem. O Oriental, cheio de saudade da sua terra, começou por agarrar-se à gastronomia. O Africano enjoado pelo excesso de álcool consumido nas festas de praia começou a comer pouco porque pouco aguentava. O do Norte foi caminhando, carregando recordações para todos os que amava e para os trabalhadores do palácio e para os conhecidos…


NOTA: Todo o conteúdo deste blog é baseado em factos reais sendo que se torna muito difícil distinguir a ficção da realidade. Todas as imagens neste blog são descaradamente roubadas aos seus legítimos proprietários, desculpem lá qualquer coisinha!

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